Mais de 1000 estudantes do ensino básico e secundário do norte do país participaram na 4.ª edição do Dia Internacional do Microrganismo, organizada pela Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica Portuguesa, no Porto. A iniciativa desafiou os jovens a explorar o mundo invisível da microbiologia através de experiências científicas, atividades lúdicas e demonstrações laboratoriais ao ar livre.
Com cerca de 30 atividades experimentais, dinamizadas por professores e estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento da ESB, bem como por investigadores do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF), o evento consolidou-se como um momento de referência na promoção da literacia científica. Ao longo das quatro edições já realizadas, o Dia Internacional do Microrganismo reuniu mais de 1600 estudantes.
Esta iniciativa já vai no quarto ano e verificamos que há cada vez mais jovens a juntarem-se a nós para explorar o mundo invisível dos microrganismos — seres minúsculos que marcam o nosso planeta, a nossa saúde e até os alimentos que comemos,” refere Paula Castro, diretora da Escola Superior de Biotecnologia. “Esta faculdade tem uma longa história nesta área: aqui nasceu o primeiro curso de licenciatura em Microbiologia do país e, no nosso centro de investigação, continua a respirar-se biotecnologia e microbiologia todos os dias.”
Ciência em ação
Num laboratório montado ao ar livre, os participantes descobriram o papel essencial dos microrganismos no ambiente, na produção e segurança alimentar, na saúde humana e no desenvolvimento de produtos inovadores com aplicação industrial e científica. Entre as atividades mais procuradas estiveram o Foldscope, um microscópio de papel acessível a todos, e o Bio&Tec, um jogo de cartas criado para desafiar os jovens a dominar conceitos de microbiologia.
A curiosidade foi também despertada por atividades de identificação rápida de microrganismos (“Quem sou eu?”), pela observação microscópica dos microrganismos presentes no iogurte e pelas demonstrações do papel dos microrganismos no tratamento de águas residuais, na saúde do solo e em ecossistemas de aquaponia, que combinam o cultivo de peixes e plantas em espaços partilhados.
Gastronomia e ciência lado a lado
A gastronomia teve igualmente destaque, com experiências de encapsulação de iogurte no âmbito da gastronomia molecular e análises sensoriais que evidenciaram a ação de fungos na produção de diferentes queijos. Os estudantes puderam ainda observar ao microscópio o fermento de padeiro e testar a sua viabilidade celular, compreendendo o papel central dos microrganismos na produção de alimentos.
Aprender a brincar
A vertente lúdica incluiu jogos como o Cluedo: Micro Edition, apresentado pela Frulact S.A., que desafiou os participantes a identificar o microrganismo responsável pela contaminação de um alimento, a Missão Antibiótico, que alertou para a importância do uso responsável de antibióticos, e ainda versões microbiológicas do Galo e do Quem é Quem?
“Foi um dia de sensibilização e contacto com diferentes microrganismos em contexto de laboratório, mas num espaço descontraído ao ar livre,” destacaram Joana Barbosa e Joana Cristina Barbosa, investigadoras e membros da comissão organizadora.
No final de cada sessão, os estudantes tiveram ainda a oportunidade de receber brindes oferecidos pela ESB, pela BlueDesignAliance (BDA) e pelas empresas participantes, Frulact S.A. e MicroHarvest, cujos processos de laboração envolvem microrganismos. Além disso, puderam levar consigo Foldscopes, jogos Bio&Tec e até peluches de microrganismos em escala, oferecidos pela GiantMicrobes.
“Ao abrir a faculdade a estudantes do ensino básico e secundário, cumprimos a nossa missão de promover a literacia científica junto dos mais novos. Nas áreas STEM, de que o país tanto precisa, não podemos esperar que os jovens cheguem à universidade para só então despertar o interesse e a motivação pelo conhecimento de qualidade,” sublinha Paula Castro.
“Pretendemos mostrar como os microrganismos, embora invisíveis a olho nu, são parte integrante da nossa vida, sendo essenciais na nossa alimentação e saúde, bem como no ambiente que nos rodeia. De facto, apenas 43% das células do corpo humano são humanas – o resto são microrganismos,” acrescentam as investigadoras.
O 4.º Dia Internacional do Microrganismo decorreu a 24 de setembro, no âmbito da celebração do Dia Internacional do Microrganismo (17 de setembro), que assinala a data em que, em 1683, Antonie van Leeuwenhoek descreveu pela primeira vez estes organismos à Royal Society de Londres.