Ausência de glúten torna este fruto ideal para celíacos
A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica Porto acaba de apresentar os resultados de uma investigação centrada na bolota, nomeadamente nas características nutricionais para consumo humano, no simpósio “A Bolota: O futuro de um alimento com passado”. Os estudos realizados na bolota de azinheira do montado alentejano demonstraram um elevado valor nutricional da bolota fresca e da respetiva farinha que, além da riqueza em fibra e proteína, perfil de lípidos semelhante ao azeite e ausência de glúten, exibe uma riqueza em compostos antioxidantes.
Ainda durante a investigação, conduzida por Manuela Pintado – investigadora da ESB da Católica Porto oradora da iniciativa – foram otimizadas bebidas de café de bolota, com sabor harmonioso a aroma a café (mas sem cafeína), e demonstradas as propriedades antioxidantes, a proteção da oxidação do DNA. Foi, igualmente, validada a ausência de toxicidade destas bebidas. Paralelamente, a equipa de investigação desenvolveu uma bebida de bolota fresca desprovida de amargor que, além das propriedades antioxidantes, demonstrou, pela primeira vez, a capacidade de promover o crescimento das bactérias benéficas presentes na nossa microbiota intestinal.
Também a Herdade do Freixo tem trabalhado várias formulações de pão e biscoitos com características sensoriais únicas e elevado prazo de validade. Destaca-se, ainda, que todos os produtos são adaptados a doentes celíacos, ou seja, com alergia ao glúten. Finalmente, e porque da bolota nada se perde, dos resíduos à casca de bolota – foram produzidos extratos que, pela sua excelente ação antioxidante e antimicrobiana, são promissores no desenvolvimento de cosméticos com ação anti-envelhecimento.
Potencial económico da bolota também foi destacado
Além da investigação sobre as características nutricionais e funcionais da bolota, durante o encontro foi também apresentado o estudo “O potencial económico da bolota em Portugal”. Esta investigação, desenvolvida por Miguel Sottomayor, docente da Católica Porto, conclui que cerca de 55 por cento das bolotas em Portugal – cuja produção se concentra em dois locais (Norte e Alentejo) – está a ser desperdiçada. Este desperdício pode corresponder, segundo certas variáveis estimadas, a cerca de 13,3 milhões de euros.