Artigo de Opinião por Rui Magalhães e Freni Tavaria, Investigadores do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia.
A cultura celular é vital no progresso da biotecnologia e medicina contemporânea; transforma a nossa compreensão das doenças, abrindo caminho para inovações científicas nas áreas biomédicas.
A história da cultura celular remonta a mais de um século, quando Wilhelm Roux fez as primeiras tentativas de manter embriões de galinha durante vários dias em água salina aquecida. Com Harrison seguiram-se outras experiências para cultivar células neuronais fora do organismo. Estava dado o pontapé de saída para descobertas revolucionárias, em especial com o desenvolvimento de linhas celulares imortalizadas como as icónicas células HeLa, obtidas de células tumorais do cérvix da paciente Henrietta Lacks, isoladas sem o seu conhecimento, nos anos 50. O estabelecimento desta linha celular provou ser essencial, facilitando avanços que vão desde a produção de vacinas como a da COVID-19, tratamento do cancro, bem como o estudo de doenças neurológicas em detalhe, oferecendo novas perspetivas para o tratamento do Alzheimer e do autismo, estendendo-se também para outras áreas.
Na indústria alimentar, a cultura celular promete uma alternativa sustentável à produção convencional de carne, com vantagens como redução da pegada ambiental, menor consumo de terra e água e emissões mais baixas de gases de efeito estufa.