Investigadoras da ESB criam novo composto para protetor solar a partir de espinhas de bacalhau

Segunda-feira, Julho 28, 2014 - 10:24

Investigadoras da ESB criam novo composto para protetor solar a partir de espinhas de bacalhau

Subproduto foi transformado num material com capacidade para absorver radiações UVA e UVB, podendo ser classificado como protetor 5 estrelas

A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica Porto acaba de desenvolver um protetor solar com base em espinhas de bacalhau. A investigação - que surge na sequência de um trabalho da valorização de espinhas de bacalhau - centra-se na transformação deste subproduto num material de elevada eficácia como filtro solar. Estamos a falar de um pó que absorve as componentes ultravioletas da luz, as mais perigosas para a saúde humana, que podem danificar o ADN e causar doenças como o cancro da pele.

Este produto foi obtido transformando as espinhas de bacalhau com um tratamento numa solução de ferro, seguida de um aquecimento a temperaturas elevadas (700 ºC). O tratamento em solução permitiu a incorporação do ferro no principal material constituinte das espinhas - um fosfato de cálcio designado hidroxiapatite -, modificação que torna o material absorvente na radiação ultravioleta. O pó tem a capacidade de absorver as radiações ultravioletas UVA e UVB, podendo, por isso, ser classificado como protetor solar cinco estrelas, correspondendo a máxima proteção numa das escalas aceites internacionalmente.

Produto demonstra elevada absorção da luz ultravioleta

Entretanto, o pó foi já incorporado na formulação de um creme protetor, para avaliar a eficácia e segurança num produto real, demonstrando absorção da luz ultravioleta UVA e UVB. O creme, já testado, não causou irritações na pele ou outras reações negativas, o que atesta a sua segurança e compatibilidade com a pele. Esta é a primeira vez que um creme para proteção solar é desenvolvido com base em hidroxiapatite e a primeira vez que, para obter esse produto, foram usadas espinhas de bacalhau. A maioria dos cremes para proteção solar é baseada em bióxido de titânio ou óxido de zinco. O projeto está já patenteado.

Desenvolvido pela Escola Superior de Biotecnologia da Católica Porto, a investigação conta com a parceira da Inovapotek - empresa de desenvolvimento e ensaios na área cosmética. O CICECO (Centro de Investigação em Cerâmicos e Materiais Compósitos) da Universidade de Aveiro também participou no trabalho. Recorde-se que este grupo de investigação trabalhou anteriormente na valorização das espinhas de bacalhau, desenvolvendo um método para a produção de materiais utilizáveis em implantes ósseos.

Para mais informações contactar a Profª Doutora Manuela Pintado.

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