A ascensão dos insetos comestíveis: perspetivas dos investigadores do CBQF

Terça-feira, Julho 1, 2025 - 15:04

À medida que a procura por fontes de proteína sustentáveis se intensifica, os insetos comestíveis estão a ganhar atenção na Europa. No CBQF, as investigadoras Joana Barbosa e Sandra Borges estão a contribuir para o conhecimento sobre a segurança, o valor nutricional e os desafios de aceitação dos alimentos à base de insetos.

A investigadora Joana Barbosa explica que a União Europeia desenvolveu regulamentação clara para garantir a segurança dos alimentos com insetos. De acordo com o Regulamento (UE) 2015/2283, os insetos são considerados “novos alimentos” e devem ser cuidadosamente avaliados antes de serem aprovados para comercialização. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) avalia riscos como contaminação microbiológica e potencial alergénico. Apesar destes avanços, as diferentes regulamentações nacionais ainda constituem obstáculos ao comércio transfronteiriço. Joana Barbosa sublinha que os produtos à base de insetos podem apresentar riscos, incluindo bactérias nocivas, metais pesados, resíduos de pesticidas e alergénios. No entanto, esses riscos são minimizados através de boas práticas agrícolas, processamento controlado e protocolos rigorosos de análise, garantindo a segurança dos produtos para os consumidores.

A investigadora Sandra Borges destaca que os insetos comestíveis são ricos em proteína de elevada qualidade, aminoácidos essenciais, gorduras saudáveis, vitaminas (como a vitamina B12) e minerais (como o ferro). Estudos sugerem que os nutrientes presentes nos insetos podem ter uma elevada biodisponibilidade, oferecendo uma solução promissora para combater deficiências nutricionais a nível global. Sandra Borges refere que barreiras psicológicas, como o nojo e a falta de familiaridade, limitam o consumo de insetos, especialmente nos países ocidentais. Transformar os insetos em formatos alimentares mais familiares e educar o público sobre os seus benefícios pode ajudar a melhorar a aceitação.

Ambas as investigadoras concordam que, com investigação científica contínua, regulamentação aprimorada e educação do consumidor, os alimentos à base de insetos têm um forte potencial para se tornarem uma fonte de proteína sustentável e de consumo generalizado na Europa e além.