Os projetos AgriDerma e BioUpCycle, ambos liderados por investigadoras do Centro de Biotecnologia e Química Fina, da Escola Superior de Biotecnologia, da Universidade Católica Portuguesa, foram selecionados para o programa EWA 2025 Portugal — Empowering Women in Agrifood, promovido pelo EIT Food, com o apoio da União Europeia. A iniciativa apoia mulheres empreendedoras com ideias inovadoras no setor agroalimentar, promovendo soluções sustentáveis, justas e resilientes.
O projeto AgriDerma, coordenado por Viviana Pinto Ribeiro, tem por base a valorização da pele de coelho, um subproduto da indústria alimentar habitualmente descartado, para o desenvolvimento de modelos 3D de pele humana, com aplicações nas indústrias cosmética, farmacêutica e biomédica. Através de processos biotecnológicos, a derme de coelho é transformada em matrizes dérmicas biocompatíveis para engenharia de pele humana. O objetivo é duplo: reduzir o desperdício agroindustrial e oferecer uma alternativa ética e sustentável a substitutos dérmicos e aos testes em animais. Com base numa patente internacional em colaboração com a Cortadoria Nacional do Pêlo e a Universidade Católica Portuguesa, o AgriDerma representa uma ponte entre ciência, sustentabilidade e inovação tecnológica. Nos próximos três anos, prevê-se escalar a produção e atingir o mercado europeu, promovendo uma bioeconomia circular e local.
“A participação no EWA 2025 é uma oportunidade única para acelerar o impacto do AgriDerma e ampliar a visibilidade de soluções científicas que promovem a sustentabilidade e a inovação”, sublinha Viviana Pinto Ribeiro, coordenadora do projeto.
Já o projeto BioUpCycle, representado por Ana Martins Vilas Boas, é resultado do trabalho conjunto de cinco investigadoras na área da biotecnologia e ciência alimentar, unidas pela missão de valorizar resíduos agroindustriais de forma sustentável. A proposta nasceu no âmbito de um curso de empreendedorismo científico, onde a equipa estruturou o modelo de negócio e o plano de impacto. A BioUpCycle propõe transformar resíduos de frutas e legumes em bioestimulantes sólidos e líquidos, que regeneram o solo e promovem o crescimento de culturas, e em meios de cultura líquidos, com aplicações em biotecnologia e microbiologia. Estes produtos são desenvolvidos localmente, com processos biotecnológicos sustentáveis, reduzindo o desperdício e promovendo práticas agrícolas mais ecológicas.
“Estamos muito entusiasmadas por integrar esta rede de mulheres inovadoras e por continuar a desenvolver soluções com impacto real no setor agroalimentar!”, afirma Ana Martins Vilas Boas, que representa a equipa da BioUpCycle ao longo do programa.
Com a seleção de dois projetos do mesmo centro de investigação, a Universidade Católica Portuguesa destaca-se no panorama nacional de inovação agroalimentar liderada por mulheres, reforçando o papel transformador da ciência na construção de um futuro mais sustentável.