Artigo de Opinião por Joana Cristina Barbosa e Joana Barbosa, Investigadoras do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.
Ao celebrarmos o Dia Internacional do Microrganismo, lembramos que eles guardam nos genes memórias do passado, ajudam a compreender os desafios do presente e oferecem pistas valiosas para o futuro.
Na celebração do Dia Internacional do Microrganismo, queremos enfatizar a importância destes seres microscópicos enquanto verdadeiros contadores de histórias. Para quem não sabe, tal como as plantas, os animais e os seres humanos, os microrganismos também têm ADN — o material genético que guarda a informação que define as funções do organismo e permite a transmissão das suas características. Este ADN funciona como um arquivo histórico, onde ficam registadas todas as alterações, sejam elas adaptações, mutações e trocas genéticas, que vão ocorrendo ao longo de milhões de anos. É através do seu material genético que os microrganismos nos revelam capítulos escondidos da história da Terra e da própria vida.
Esse arquivo genético pode ser estudado hoje com ferramentas poderosas de sequenciação de ácidos nucleicos, entre as quais se destaca a metagenómica. Esta técnica permite analisar todo o ADN presente numa amostra de solo, água ou mesmo do corpo humano, sem que seja necessário isolar no laboratório cada um dos microrganismos nela contidos. Contrariamente ao que se possa pensar, a grande maioria dos microrganismos não pode ser facilmente “cultivada” em laboratório e, por essa razão, a metagenómica abriu portas para descobrirmos uma diversidade antes invisível.
