O projeto “O FUTURO”, uma iniciativa conjunta da Área Metropolitana do Porto (AMP) e da Universidade Católica Portuguesa, tem sido um pilar essencial na conservação ambiental e na promoção da sustentabilidade na região. Desde a sua criação em 2011, o projeto tem dedicado esforços significativos ao restauro ecológico, plantando mais de 137.000 árvores e arbustos nativos e transformando áreas degradadas em exuberantes florestas urbanas. Através da combinação de plantação de espécies autóctones, monitorização contínua e envolvimento da comunidade, o “O FUTURO” não só enriquece a biodiversidade local, mas também educa e mobiliza cidadãos em prol da conservação da natureza. A celebração do Dia Mundial da Conservação da Natureza sublinha a importância deste trabalho, destacando a necessidade urgente de ações que protejam e restauram os nossos ecossistemas.
Pode-nos falar um pouco sobre "O FUTURO – projeto das 100.000 árvores" e os seus principais objetivos?
O projeto FUTURO germinou em 2011 no contexto do CRE.Porto e resulta do conhecimento acumulado e da dinâmica de participação e colaboração gerada durante a elaboração do Plano Estratégico de Ambiente da Área Metropolitana do Porto (2003-2008). O FUTURO é coordenado pela Área Metropolitana do Porto (AMP) e pela Universidade Católica Portuguesa, sendo um esforço planeado que resulta da sinergia entre os municípios da AMP, organizações locais e de cidadãos. O objetivo é criar e manter florestas urbanas nativas na região, com o intuito de enriquecer a sua biodiversidade, sequestrar carbono, melhorar a qualidade do ar, proteger os seus solos e contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas. Ao mesmo tempo, espera-se informar e formar os cidadãos sobre a importância da floresta nativa e estimular a participação de todos os interessados em atividades de criação e melhoria das florestas metropolitanas. O FUTURO surge como o primeiro grande esforço de restauro ecológico de áreas florestais da região, que não se preocupa apenas com a plantação de árvores, mas também com a monitorização das áreas nos primeiros anos pós plantação, de modo a verificar o bom desenvolvimento do bosque nativo plantado e ajustando as operações de manutenção no terreno de acordo com o necessário. Para isso também, o FUTURO dedica-se à produção de espécies nativas características da região e dos seus habitats, em viveiro certificado, para promover o património natural. A transformação do território acontece também proporcionando experiências ao cidadão através da participação ativa em ações de voluntariado (plantação, controlo de plantas invasoras e manutenção), visitas guiadas e ações de capacitação que pretendem aumentar o conhecimento sobre as espécies nativas e a importância das árvores. O projeto FUTURO está alinhado e contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: ação climática (ODS 13) e proteger a vida terreste (ODS 15).
Qual é o papel específico da Universidade Católica no Porto, no desenvolvimento deste projeto?
A Universidade Católica no Porto assegura a equipa técnica que realiza a gestão do projeto, a nível regional e junto dos parceiros municipais. Uma equipa multidisciplinar, em áreas de formação que se complementam, em engenharia do ambiente, biologia e inovação. As principais contribuições da equipa técnica materializam-se no: planeamento das intervenções no terreno; apoia à preparação de novas áreas de intervenção (angariação de recursos materiais e financeiros); gestão de um viveiro certificado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas; mobilização do cidadão e a gestão da bolsa de voluntariado; promoção e dinamização de formação de técnicos, operacionais, comunidade escolar e público em geral; e a alimentação da rede de parceiros, organizações não governamentais, especialistas, empresas e outros stakeholders que possam contribuir para o enriquecimento do projeto.
Como é que este projeto contribui para a conservação da natureza e a sustentabilidade na Área Metropolitana do Porto?
Desde 2011, o projeto conta com 212 hectares de área intervencionada e plantadas mais de 137.000 árvores e arbustos nativos nos 17 Municípios da AMP, contribuindo para aumentar e enriquecer a mancha verde na região com espécies autóctones, que potenciam os serviços de ecossistema na sua plenitude. As áreas FUTURO, outrora terrenos incultos, degradados, queimados e/ ou com a presença de espécies invasoras foram e são recuperados para albergar mais vida com a plantação de espécies autóctones que atraem a flora e fauna respetiva e promovem a regeneração espontânea nos locais. A “Rede de Biospots do Porto” e os “Bosques Norte Litoral” são exemplos de iniciativas em contexto urbano e periurbano, respetivamente, de como se pode recuperar áreas sem uso, para promover bosques nativos que aumentam a biodiversidade local, contribuem para uma amenização paisagística, e as árvores e arbustos, com a sua maturidade, serão sequestradores de carbono e contribuirão para a regulação do clima e para absorção dos poluentes atmosféricos. (O FUTURO de 2011-2018)
Qual é a importância do Dia Mundial da Conservação da Natureza para iniciativas como esta?
Em Portugal, neste dia também se celebra o Dia Nacional da Conservação da Natureza, instituído pela Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 73/98, de 29 de junho, em homenagem ao movimento associativo de defesa do ambiente, demonstrando que os projetos de conservação da nossa biodiversidade são relevantes na sociedade. O projeto FUTURO aposta na educação-ação no seu dia-a-dia de implementação junto dos parceiros municipais e cidadãos, de modo a angariar novas áreas para promover a sua valorização ecológica, como também proporcionar momentos profícuos aos que querem contribuir de forma ativa na conservação da Natureza.
Quais são os próximos passos e as metas futuras do projeto "O FUTURO"?
O projeto FUTURO está a caminhos dos seus 13 anos de atuação na Área Metropolitana do Porto e afirma a sua pertinência para a promoção e valorização do património ambiental na região com o contínuo trabalho de zelar pelas áreas florestais intervencionadas, mas com a ambição de alcançar mais 100 hectares de área nova e plantar mais 75.000 árvores nativas até 2026. No próximo inverno, as ações de restauro ecológico com voluntários irão retomar e o leitor poderá participar ativamente na transformação nativa do território. As oportunidades de voluntariado são sempre divulgadas no site do projeto, onde também as entidades que queiram contribuir para a floresta nativa, podem conhecer o HECTARE, um programa de Mecenato, que pretende apoiar diretamente os bosques do FUTURO.
Qual é a importância de celebrar o Dia Mundial da Conservação da Natureza
Celebrar o Dia Mundial da Conservação da Conservação da Natureza, instituído pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, é reconhecer o desequilíbrio dos ecossistemas, a extinção das espécies, a desfragmentação e perda de habitat e, consequentemente, tornar estas fragilidades em oportunidades para sensibilizar a população, assim como dar voz para que estes problemas sejam tidos em conta nas agendas políticas. Em fevereiro de 2024, assinalou-se uma decisão importante, a favor da Natureza, com a aprovação pelo Parlamento Europeu da Lei do Restauro da Natureza, onde se prevê que os 27 Estados-membros da União Europeia recuperem pelo menos 90% dos habitats em mau estado até 2050. Enaltecendo a urgência da Conservação da Natureza para o bem comum. Ao celebrar este dia, a comunidade UCP afirma-se no papel, nas palavras do Papa, de “zeladores da Natureza… uma dádiva que recebemos e da qual temos que cuidar para o futuro”.