Quatro anos e mais de 40 artigos científicos depois, o projeto europeu RADIANT mostra como os alimentos "esquecidos" podem ser a chave para um futuro mais sustentável.
O projecto europeu RADIANT está a chegar ao fim depois de quatro anos a valorizar culturas agrícolas consideradas raras ou esquecidas, como é o caso das leguminosas, dos cereais, e de algumas frutas e hortícolas com potencial para melhorar a nutrição, resistir às alterações climáticas e tornar os sistemas alimentares mais diversos e sustentáveis.
Coordenada em Portugal pelo Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica Portuguesa e financiada em cerca de seis milhões de euros pelo programa Horizonte 2020 da União Europeia, a iniciativa envolveu 29 parceiros de 12 países e contou com o cruzamento de conhecimento entre agricultores, investigadores, chefs e entidades da área da saúde e da alimentação.
O projecto nasceu da consciência de que “vivemos numa falsa sensação de oferta diversificada”, explica Marta Vasconcelos, coordenadora da iniciativa e investigadora na Universidade Católica Portuguesa (UCP). Em declarações ao PÚBLICO, a docente afirma que o paradigma da iniciativa é “contornar a homogeneização do sistema alimentar” que actualmente enfrentamos. “Quer estejamos em Portugal, em Espanha, na China, no Japão ou na América, estamos todos a produzir e a consumir as mesmas variedades dos mesmos tipos de alimentos”, lamentou.