Artigo de opinião por Freni Tavaria, Docente da Escola Superior de Biotecnologia da UCP.
Afinal estes seres microscópicos, merecem ter um dia para serem celebrados?
O Dia Internacional do Microrganismo comemora-se a 17 de setembro. Foi nesta data, em 1683, que o holandês Antonie van Leeuwenhoek, enviou uma carta à Royal Society of London, na qual relatava a primeira observação de organismos unicelulares obtidos da sua própria placa dentária. Sem formação científica, este comerciante de tecidos, apenas tinha do seu lado uma infinita curiosidade, uma boa dose de paciência e o dom de um exímio poder de observação. Nessa carta enviada à RSL, van Leeuwenhoek descreve e desenha com preceito, a primeira observação de bactérias vivas presentes na placa dentária bem como os seus movimentos. Aperfeiçoando lentes com o intuito de observar melhor a trama dos tecidos que comercializava, construiu e desenvolveu os seus próprios sistemas de lentes, possibilitando-o de obter amplificações extraordinárias para a época, observando pela primeira vez, microrganismos que denominou de animálculos. Conquistava-se assim o mundo invisível a olho nu.
van Leeuwenhoek trabalhava desde a adolescência como comerciante de tecidos e funcionário público na cidade de Delft na Holanda. Apenas após os 40 anos de idade, quando finalmente adquire uma situação financeira estável, é que se decidiu dedicar ao fabrico de lentes para microscópios. Com técnicas como o esmerilhamento para a produção de lentes de alta qualidade, conseguiu ampliações até 500x, contrastando com os meros 30x conseguidos pelos microscópios compostos da época. Foi o primeiro a visualizar os glóbulos vermelhos, protozoários e espermatozoides. Van Leeuwenhoek também foi o primeiro humano a ver uma bactéria — feito que o leva a ser considerado o pai da Microbiologia. Apesar da sua importância para a Microbiologia e para a Medicina ser inegável, van Leeuwenhoek contribuiu ainda de forma concludente na determinação do fervoroso debate sobre a origem da vida, derrubando com as suas descobertas, a tese da geração espontânea.
