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“As bactérias hospitalares são um problema subestimado”

Tuesday, December 7, 2021 - 15:33
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Sábado

Entrevista a Célia Manaia, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica no Porto.
A investigadora da Universidade Católica alerta que qualquer um de nós pode ser portador de bactérias resistentes a antibióticos e não saber. Mais: estas bactérias matam muitas pessoas e ainda se desconhece a sua origem. Daí a importância de estudar este tema. Célia Manaia conta que quando decidiu estudar Bioquímica, não imaginava que ia trabalhar com micróbios. Quando terminou a licenciatura, na Universidade de Coimbra, fez um estágio com o professor Milton Costa, uma referência na Microbiologia. A seguir fez o doutoramento e entrou na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto, e nunca deixou o laboratório.

O que representa para si ser distinguida pela Clarivate?
É o reconhecimento de trabalhar numa temática que interessa à comunidade científica. A resistência das bactérias aos antibióticos, que investigo desde 2003, é um problema muito sério sem muitas soluções à vista. A resistência a antibióticos acaba por ser também um contaminante ambiental, com sérias implicações, por exemplo, na gestão e na qualidade das águas, e isso permite que a investigação científica extravase as barreiras mais estritas da academia.

Que barreiras são essas?
Quando o conhecimento académico pode ter aplicações práticas. Por exemplo, o que deve ser monitorizado nas águas e de que forma ou como é que podemos comparar diferentes países tudo isto são temas que acabam por interessar não só à comunidade científica, mas também a pessoas preocupadas com políticas de gestão e de vigilância ambiental.

Numa entrevista alertou que "bactérias resistentes a antibióticos surgem no hospital e dois meses depois estão na natureza". Pode explicar?
A maior parte dos hospitais em todo o mundo descarregam os esgotos nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) municipais. Isto é indesejável, porque os microrganismos "maus" e novos, normalmente revelam-se nos hospitais, encontrando ali a passagem para o ambiente e algumas dessas bactérias são como sementes que se propagam onde calha.

Nota: Pode ler o artigo completo na edição impressa da Sábado de 1 de dezembro de 2021.